Turismo / Viagens 4 de setembro de 2015
Tradicionalmente às sextas-feiras trazemos sugestões de viagens. Hoje nosso destino será: SAN CARLOS DE BARILOCHE !!!
Bienvenido, bienvenida. San Carlos de Bariloche é a capital brasileira do inverno. Nas agências, restaurantes e lojas, o português é a primeira língua falada pelos funcionários — pelo menos no meio do ano. Por que amamos Bariloche? Porque é um perfeito vilarejo alpino, à beira-lago e ao pé de montanhas nevadas, com direito a arquitetura suíça, chocolate e fondue. Passado o inverno, porém, Bariloche volta a ser território argentino. Pasme: a alta temporada dos hermanos é o verão, quando fazem trekking nas montanhas verdes, praticam esportes náuticos nos lagos e percorrerem estradas vicinais de paisagens deslumbrantes, como a Rota dos 7 Lagos e o Paso Córdoba. Veja como aproveitar Bariloche no inverno e por que vale a pena voltar nas outras estações.
Na década de 80, quando a classe média brasileira despertou para o fato de haver neve na América do Sul, todos os olhos se voltaram para San Carlos de Bariloche e essa paixão continua firme. Conhecida também como ‘Brasiloche’ – um apelido nem sempre com conotação afetiva –, essa cidade nos Andes Patagônicos está a 1.500 quilômetros de Buenos Aires e é um dos destinos preferidos tanto entre os praticantes de esqui como entre aqueles que se satisfazem em usar o teleférico só para ver de perto os campos nevados.
Mas Bariloche não é somente um destino de inverno, pois há opções de passeios em todas as épocas do ano, quando o local recebe seus visitantes com paisagens que assumem outros tons e conta com atividades ao ar livre como rafting no Rio Manso, caminhadas no Parque Nahuel Huapi e até kitesurfing no lago de mesmo nome.
Curiosidade: acredita-se que foi nos Bosques de Arrayanes – um tipo de planta local – em torno da cidade que Walt Disney se inspirou para criar o personagem Bambi. Se tudo isso não bastasse, a hotelaria local é bem estruturada, seus restaurantes servem desde o indefectível fondue de queijo a deliciosas trutas pescadas na região. E, do alto do Cerro Campanario, você poderá experimentar um dos melhores chocolates quentes de sua vida.
Definitivamente, Bariloche é para todos e em qualquer época do ano.
QUANDO TEM NEVE EM BARILOCHE ?
A temporada oficial de inverno vai da última semana de junho ao fim de setembro. Nem sempre, porém, a neve chega junto com os turistas. Quanto mais para o fim de julho você programar sua viagem, mais chances terá de aproveitar a neve. Agosto é normalmente o mês de neve mais garantida.
–> QUE MOEDA LEVAR PARA BARILOCHE?
A Argentina vive um momento econômico complicado. Os argentinos têm restrições para comprar dólares e o peso está artificialmente valorizado. Essa situação fez ressurgir o câmbio paralelo (apelidado de “cambio blue“), que funciona mais ou menos às claras e é totalmente tolerado pelas autoridades. A cotação do paralelo costuma ser pelo menos 30% mais vantajosa do que a do oficial. Por isso, não está valendo a pena trocar dólares ou reais em casas de câmbio convencionais (que praticam a cotação oficial), nem usar cartão de crédito, cartão de débito, cartão pré-pago ou fazer saque de caixa automático (todos esses meios de pagamento também usam a cotação oficial, fazendo seu dinheiro render 30% menos).
O recomendável para Bariloche é levar dólares ou reais em espécie e usar diretamente no comércio (quando a cotação for favorável) ou trocar no câmbio paralelo.
Onde fazer câmbio paralelo em Bariloche ?
Na Calle Mitre (a rua principal de Bariloche), agências de turismo e lojas farão a conversão. Guias de turismo também costumam trocar. Consulte vários. Não compre pesos no Brasil; a cotação nunca é boa.
–> CONEXÃO EM BUENOS AIRES: PEGADINHAS
Os únicos vôos diretos entre o Brasil e Bariloche são os vôos fretados por operadoras, vendidos apenas dentro de pacotes. Comprando passagem por conta própria, você necessariamente fará conexão em Buenos Aires.
Note que Buenos Aires tem dois aeroportos: Aeroparque (o aeroporto central) e Ezeiza (a 50 minutos do centro). A maioria dos vôos para Bariloche sai do Aeroparque.
Caso você compre uma passagem com chegada em Buenos Aires por Ezeiza e saída pelo Aeroparque, saiba que o trajeto entre os dois aeroportos corre por sua conta. Nesse caso, você vai precisar de pelo menos três horas de intervalo entre um vôo e outro (1 hora para a imigração, 1 hora para o traslado de táxi, 1 horas para novo check-in).
–> DO AEROPORTO DE BARILOCHE AO HOTEL
O aeroporto fica a 15 km do centro. Há duas opções de transporte para quem chega com malas: táxis e remises. O táxi custará em torno de 20 dólares. O remis (carro com motorista, legalizado para transportes, mas que não tem placa de táxi), sai um pouco mais barato, uns 15 dólares. Pegue o táxi no ponto ou trate o remis no guichê. Não se preocupe se não tiver pesos: aceitarão dólares ou reais. (Os preços são estimados. Há inflação e câmbio instável na Argentina; é bastante difícil dar preços atualizados.)
–> HOSPEDAGEM: NO CENTRO OU À BEIRA-LAGO ?
Bariloche tem uma estrutura hoteleira bem diversificada. São inúmeros tipos de acomodação: de hotéis de luxo aos mais básicos, além de cabañas, albergues e campings. No auge da temporada de inverno, quando todos os hotéis parecem estar bloqueados pelas operadoras brasileiras, o viajante independente ainda pode encontrar a sua cabaña (apartamentos ou casinhas equipados com cozinha, que funcionam como um flat).
A dúvida que persiste: hospedar-se no Centro, com todos os restaurantes e lojinhas na porta do seu hotel, ou na avenida Bustillo, a estrada que leva para o Cerro Catedral e para o Parque Nacional Nahuel Huapi ?
Hospedando-se no Centro, você terá restaurantes, agências e lojas por perto. Mas precisará de cuidado extra para selecionar seu hotel, já que a hotelaria por lá é mais antiga. No verão, o centro é tomado por adolescentes em viagens de formatura, que voltam tarde da balada, fazendo barulho.
Os hotéis mais novos, de melhor estrutura (piscina térmica, spa…) ficam em sua maioria na avenida Bustillo. Muitas cabañas também estão nesta área. O inconveniente de se hospedar na estrada é depender de transporte para o centro (táxi, remis — carro com motorista com corrida acertada previamente — ou ônibus). A exemplo de Buenos Aires, porém, as corridas são baratas (pense no equivalente a 5 dólares entre um hotel no km 5 da Bustillo e o centro). Existem também restaurantes nesta área (mas você também vai precisar de táxi ou remis para ir a eles). É fácil descobrir a localização do seu hotel ou cabaña na estrada: a quilometragem do endereço indica a distância exata até o centro.
Sugestões: Design Suites Bariloche, no km 2,5 da avenida Bustillo, e no Villa Huinid Lodge, no km 2,6. Gostamos muito de ambos. No Centro, o Edelweiss é uma excelente opção confortável, enquanto o Tirol tem bons preços e ótima vista. Para lua de mel, cacife o clássico Llao Llao, o charmoso Charming ou os aconchegantes hotéis top de Villa La Angostura, como Las Balsas, Correntoso e Hostería La Escondida.
–> TRANSPORTE EM BARILOCHE: TÁXI, REMIS, ÔNIBUS, CARRO ALUGADO, TRANSFERS
Em Bariloche dois tipos de transporte são muito comuns entre os turistas: os trânsfers oferecidos pelas agências locais e os remises, que são um tipo de táxi com preço fechado e sem taxímetro.
Caso você contrate os passeios com uma agência de receptivo, você não precisará se preocupar com o transporte: os trânsfers estão incluídos no valor do tour. Um ônibus (ou van) faz a ronda dos hotéis, apanha e deixa todos os passageiros no horário combinado. Neste caso, você só vai depender dos remises ou táxis quando quiser se deslocar entre o seu hotel na estrada e um restaurante no centro (ou entre um hotel no centro e um restaurante na estrada).
Táxis (no taxímetro) e remises (com preço combinado) são baratos. As corridas entre a cidade e o km 5 da Bustillo não saem mais do que 5 dólares.
Para usar os ônibus, é preciso comprar um cartão e carregar com quantos pesos forem necessários para o total de viagens que você pretende fazer. Esse cartão é vendido em algumas lojas do centro da cidade. Todas as principais atrações de Bariloche são servidas por essas linhas de transporte público — mas não chegamos a testar a freqüência dos ônibus nem a duração das viagens. (Lembre-se que esperar ônibus ao relento no inverno não é lá muito agradável.)
Alugar um carro é uma opção para quem quer evitar o pinga-pinga de hotel em hotel dos tours, ou não gosta de negociar corridas de remis. Mas é uma opção melhor no verão, quando não há gelo na estrada e é possível percorrer estradas vicinais panorâmicas. No inverno, estradas como a Rota dos 7 Lagos estão fechadas para carros comuns, e dirigir no asfalto pode ser perigoso por causa de gelo e neve.
–> ONDE ALUGAR ROUPAS E EQUIPAMENTOS DE NEVE ?
As calles Mitre e San Martín concentram as lojas de aluguel de roupas. Os preços (e a qualidade do estoque) variam de uma loja para outra; vale a pena comparar. O aluguel pode ser diário ou semanal. Luvas precisam ser compradas; não são mais alugadas desde o surto de gripe H1N1, há alguns anos.
Já equipamento de esqui e snowboard deve ser alugado diretamente na estação de esqui (porque você pode trocar se descobrir que precisa de um número diferente). Também é possível alugar roupa nas estações.
–> BARILOCHE: OS PASSEIOS BÁSICOS DO INVERNO
Dia 1
O passeio de introdução a Bariloche (em qualquer estação) é o Circuito Chico, que leva você aos mirantes do Cerro Otto e do Cerro Campanario, e continua pela margem sul do lago até a Capela de Santo Eduardo, em frente ao hotel Llao Llao, à beira do Nahuel Huapi. É um passeio de uma manhã ou uma tarde.
Sugestão: faça na primeira tarde em Bariloche; assim, você aproveita a manhã para alugar roupa com calma. E uma recomendação: não aceite a combinação do Circuito Chico com o Cerro Catedral; o Cerro Catedral merece um dia inteiro.
Dia 2
A grande estação de esqui de Bariloche é o Cerro Catedral, a 20 km do centro. Planeje passar pelo menos um dia inteiro por aqui. Só a subida pelos teleféricos já é emocionante. Você pode marcar uma aula de esqui ou escolher outras atividades na neve — como tubing (tobogã com bóias), esquibunda e caminhada com raquetes (calçados especiais para trekking na neve). Em 2014 abre o Cerro Mágico, a área dentro do Cerro Catedral que vai funcionar como o parque de diversões das famílias, concentrando as atividades para quem quer ter contato com a neve, mas não esquiar.
Dia 3
Para outro dia de diversão na neve, escolha entre o Cerro Otto e o Piedras Blancas, que dividem o Cerro Otto, a 5 km do centrinho. Ambos têm como atração principal o esquibunda (realizado em trenozinhos, os trineos). O Cerro Otto oferece como atração extra uma Confeitaria Giratória, que faz um giro de 360º a cada vinte minutos. Já Piedras Blancas tem também um centro de esqui para iniciantes, o Winter Park — ideal para tomar aulas sem precisar ficar hospedado no Cerro Catedral.
Dia 4
Não deixe de incluir pelo menos um passeio de barco pelos lindíssimos lagos de Bariloche.
O passeio mais popular é que cruza o lago Nahuel Huapi com paradas no Bosque de Arrayanes, que inspirou a floresta que Walt Disney desenhou para Bambi, e na ilha Victoria, já em frente a Villa La Angostura. É um passeio de meio dia.
O outro passeio bacana é de dia inteiro, e leva ao Lago Blest e Cascata dos Cântaros, com a opção de navegar também pelo Lago Frías. Este passeio nada mais é que o primeiro terço do famoso Cruce de Lagos, que leva ao Chile. A combinação de montanhas nevadas com lago é estonteante.
Outros dias
Repita o Cerro Catedral ou Piedras Blancas; faça um segundo passeio de barco; reserve o chá da tarde do elegante hotel Llao-Llao; ou dê um pulinho em Villa la Angostura: almoce na cidade e suba ao Cerro Bayo, a estação de esqui-boutique da cidade.
–> BARILOCHE: PASSEIOS NOTURNOS NO INVERNO
Querendo inve$tir num passeio que combina neve, adrenalina e um jantar à luz de velas, escolha entre duas noites inesquecíveis.
Na Noche Nórdica, você pilota um quadriciclo por 4 km na neve (menores de 16 anos não pilotam, mas podem ir na garupa) antes do jantar.
No Refugio Arelauquén, você pilota uma snowmobile (moto de neve) antes de degustar um belo de um fondue.
–> BARILOCHE: OS PASSEIOS E ATIVIDADES FORA DO INVERNO
As condições climáticas no verão são ideais para a prática de atividades ao ar livre. São diversos circuitos de trekking em meio a florestas, estepes e nas montanhas. Passeios de bicicleta e a cavalo, observação de pássaros, golf, pesca esportiva e todo tipo de esporte náutico estão na ordem do dia. As montanhas viram destinos de rafting, parapente e arvorismo.
No quesito passeios turísticos, continuam valendo fora do inverno o Circuito Chico e os passeios de barco. Os cerros Catedral e Otto passam a oferecer trekking e atividades que não dependem de neve.
Para o turista, o melhor da meia-estação e do verão é possibilidade de fazer passeios que não são operados durante a época de neve. Um desses passeios é a Rota dos 7 Lagos, uma estradinha de cascalho que passa por sete lagos entre Villa La Angostura e San Martín de los Andes (perfeito para quem vai pernoitar em San Martín). Para voltar a Bariloche no mesmo dia, o melhor passeio de carro é o Circuito Grande, que faz Villa Traful e Villa La Angostura passando por cinco lagos. Outro passeio imperdível, e que só dá para fazer sem neve, é ao Cerro Tronador, o mais alto de Bariloche, que oferece o percurso mais bonito da região.
–> RESTAURANTES EM BARILOCHE
A cena gastronômica não é tão expressiva quanto em Buenos Aires. Muitos bons restaurantes abrem mas não sobrevivem à baixa temporada. Os preferidos dos turistas são o Familia Weiss, de cardápio extenso (e ênfase nos fondues) e El Boliche de Alberto, ótima churrascaria.
Os restaurantes do momento são o Butterfly, de poucas mesas e cozinha contemporânea de autor (reserve com antecedência) e Cassis, de cozinha patagônica com toques europeus.
O El Patacón, que já tinha feito sucesso com Bill Clinton. O menu variado, com diversos cortes de carne típicos patagônicos, opções para vegetarianos e celíacos (uma alternativa bacana para quem tem problemas com restrição alimentar). Os pratos são bem servidos e, se você não é tão bom de garfo assim, é até possível dividir as porções.
–> COMPRAS EM BARILOCHE
As lojas que mais chamam a atenção do turista ficam espalhadas pela calle Mitre, no centro de Bariloche. São diversas lojas de roupas de inverno, sapatos, aluguel de equipamentos, chocolates patagônicos e souvenirs.
Note que o símbolo $ não significa dólares, mas pesos argentinos. (Dólares são expressos com “US$”.)
Para baratear as compras, use reais ou dólares diretamente no comércio (caso ofereçam boa cotação) ou troque seus reais ou dólares no paralelo.
Para aproveitar o free-shop de saída, em Buenos Aires, leve pesos trocados no câmbio paralelo.
–> CRUCE DE LAGOS PARA O CHILE
É possível viajar entre Bariloche, na Argentina, e Puerto Varas, no Chile, por via lacustre. O passeio Cruce de Lagos dura o dia inteiro e leva você pelos lagos Nahuel Huapi, Blest, Frías e Todos los Santos, com dois pequenos trechos terrestres. No verão, a parada na ilha de Peulla serve para o almoço; no inverno, é necessário pernoitar num dos dois hotéis da ilha e prosseguir viagem no dia seguinte.
A viagem entre as duas cidades também pode ser feita de ônibus (são 5 horas de viagem), o que é ideal para retornar. No inverno, se você quiser evitar o pernoite em Peulla, pode fazer o passeio do Lago Blest no lado argentino, ir de ônibus para Puerto Varas e fazer o passeio pelo lago Todos los Santos no lado chileno.
Fontes: G1 / UOL / Guia de Viagem Abril