A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Precatórios foi aprovada na tarde desta quinta-feira (2) no plenário do Senado em votação de segundo turno, por 61 votos a 10. Houve uma abstenção. Nesta tarde, os parlamentares já haviam aprovado a PEC também em primeiro turno. Agora, ela volta para a Câmara, onde passará por nova votação também em dois turnos.
A proposta aprovada abre espaço para o pagamento de R$ 400 aos beneficiários do Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família).
Com a PEC dos Precatórios, o governo planeja pagar R$ 400 por mês para cerca de 17 milhões de pessoas em 2022, quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) tentará a reeleição. Porém, pela MP (Medida Provisória) que cria o Auxílio Brasil, o benefício seria concedido a 20 milhões de famílias. A MP também foi aprovada no Senado nesta quinta.
Na sessão desta quinta-feira, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), relator da PEC, reconheceu que o auxílio poderá ser estendido a 20 milhões de pessoas, como prevê a MP. No entanto, ele não entrou em detalhes sobre o custo dessa ampliação do número de famílias.
Pagamento após 2022 depende de existir dinheiro
Durante as discussões do plenário, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), levantou dúvidas sobre como ficaria o programa depois de 2022.
“O artigo 6º torna permanente o programa social, incorpora ao texto constitucional o princípio da renda básica”, elogiou Randolfe. “O que me preocupa é que, no artigo 4º, abre-se a margem necessária para o pagamento do Auxílio Brasil. A dúvida é: abre margem no exercício fiscal de 2022. Como ficam os anos que virão, os anos posteriores a 2022? Qual a margem fiscal para estes anos?”
Em resposta, Bezerra afirmou que outro trecho da PEC determina que toda folga de recursos aberta nos próximos anos será direcionada para o pagamento do Auxílio Brasil e para outras despesas sociais. “Estamos resolvendo o problema de 2022. E estamos também dizendo que, nos anos seguintes, qualquer adição de valor [para pagamento do Auxílio Brasil] precisará atender ao disposto na Lei de Responsabilidade Fiscal”, acrescentou o relator. A obediência a esta lei é preocupação de alguns senadores e de economistas de fora do governo.
Ela determina que a criação de qualquer despesa permanente —como a do Auxílio Brasil— precisa ser acompanhada pela indicação de que o governo também tem uma receita permanente.
Nesta quinta-feira, Bezerra afirmou que todo o espaço para gastos criado pela PEC vai para a ampliação de programas sociais. Na prática, ocorreria uma vinculação dos recursos ao Auxílio Brasil e a outras iniciativas na área social (revisão de pensões, aposentadorias e benefícios, por exemplo).