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Economia 15 de outubro de 2015

Grau de investimento depende de quadro político, avaliam economistas

Agência Fitch rebaixou nota do Brasil, mas manteve grau de investimento.
Para especialistas, decisão já era esperada, mas perspectiva preocupa.

 O rebaixamento da nota do Brasil pela Fitch já era esperado pelo mercado e a manutenção da perspectiva negativa pela agência de classificação de risco aponta que aumentou o risco do país perder o chamado grau de investimento (selo de país bom pagador) por mais de uma agência. Analistas ouvidos pelo afirmam, contudo, que eventuais novos rebaixamentos irão depender da evolução do quadro politico do país.

Nesta quinta-feira (15), a agência rebaixou a nota do Brasil de “BBB” para “BBB-“, mas ainda dentro do grau de investimento. A perspectiva foi mantida em negativa, o que significa que o país pode voltar a ser rebaixado em um futuro próximo.

Segundo os economistas Alexandre Cabral e Jason Vieira, a Fitch pode vir a revisar o grau de investimento do Brasil em menos de seis meses, que é o período médio para as agências se manifestarem sobre o rating do país. Mas, de acordo com eles, um novo rebaixamento dependerá de como o Congresso Nacional e a presidente Dilma Rousseff irão negociar problemas como os pedidos de abertura de processo de impeachment e as votações necessárias para o ajuste fiscal.

 

FITCH REBAIXA BRASIL
País segue com grau de investimento

“Se a Fitch tivesse também tirado o grau de investimento, seria uma surpresa neste momento. Ainda somos grau de investimento e o mercado pode dar uma pequena ‘estressada’ neste momento, mas deve melhorar de agora em diante”, acredita Cabral, economista da NeoValue Investimentos.

Para o economista, “se não houver nenhum problema político” no cenário atual brasileiro, a Fitch não deve rever o grau de investimento do Brasil ainda neste ano. Mas as discussões políticas no Congresso podem alterar o quadro, acredita.

O economista-chefe da Infinity Asset Management, Jason Vieira, diz que a decisão da Fitch já era esperada e o que preocupa é o cenário muito volátil. “O Brasil precisa primeiro reverter a crise política. A crise econômica está dependendo basicamente de aprovações no Congresso”, diz.

“Nada impede que o Cunha [Eduardo Cunha, presidente da Câmara], o PSDB e o governo não consigam chegar a um entendimento no Congresso e, daí, só Deus sabe. Se houver uma guerra política grande, podemos ter o rebaixamento ainda neste ano. Tudo agora depende do Brasil”, avalia.

agências de classificação de risco Brasil (Foto: Editoria de Arte/G1)

 

Nota do Brasil nas principais agências
No dia 9 de setembro, o Brasil perdeu o grau de investimento na classificação de crédito da Standard and Poor’s (S&P), 10 dias após o governo prever inédito déficit primário na proposta orçamentária de 2016.

Com o rebaixamento da Fitch netsa quinta, o Brasil fica mais próximo de ter a nota de crédito da sua dívida rebaixada para o grau especulativo por mais de uma agência. Na classificação da Moody´s, o país tem nota “Baa3”, nível mais baixo dentro do grau de investimento, tambem com perspectiva negativa (como agora na Fitch).

Os economistas alertam para o risco de fuga de capitais, caso o Brasil venha a perder o grau de investimento por mais de uma agência de classificação.

“As empresas entendem que não se pode manter o dinheiro em um país que perdeu o grau por duas agências”, explica.  “O gato subiu no telhado, mas ele ainda não caiu”, brinca Cabral.

Para Jason Vieira, o comunicado da Fitch abre espaço para uma revisão da nota do Brasil no prazo de 6 meses a um ano. “Há um risco de perda de grau de investimento e, neste contexto, com saída muito forte de investimentos do Brasil, até por questão meramente técnica, já que as empresas em regra não mantêm investimentos em países que tiverem duas agências com baixo grau de investimento”, afirma.

Já o economista-chefe do banco Safra, Carlos Kawall, que já foi secretário do Tesouro Nacional, avalia que o Brasil ainda tem tempo para conseguir evitar um novo rebaixamento.

“A Fitch está nos dando algum tempo para que avancemos na direção dos ajustes necessários para o próximo ano… Se esse avanço não vier, podemos perder o grau de investimento no primeiro trimestre (de 2016)”, diz.

 

Fonte: G1 em São Paulo

 

 

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