Economia 22 de junho de 2015
RIO – Em meio à desaceleração da economia e ao avanço da inflação, o percentual de devoluções de cheques pela segunda vez por falta de fundos foi de 2,29% em maio, a maior dos últimos seis anos para este mês, e a terceira maior de toda a série histórica, iniciada em 1991, perdendo apenas para maio de 2009 (2,52%) e maio de 2006 (2,37%). Segundo o Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos, em abril, o percentual havia sido de 2,26%.
Segundo os economistas da Serasa Experian, a elevação que vem sendo verificada ao longo de 2015 deve-se, além da alta do custo de vida, aos impactos negativos das taxas de juros e do desemprego sobre a capacidade de pagamento dos consumidores.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) informou na semana passada que foram fechadas 115.599 vagas formais de emprego no país em maio, o pior resultado já visto para o mês. O IBGE informou ainda que, nos três meses encerrados em abril, a taxa de desemprego no Brasil subiu a 8%, ante 7,1% em igual período de 2014.
Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) –prévia da inflação oficial do país — subiu 0,99%, a maior taxa para esse mês em quase duas décadas e bem acima do esperado.
No mês anterior, o indicador da Serasa Experian apontou alta para 2,26%, sendo o pior abril desde o início da série histórica em 1991.Reportagem publicada pelo GLOBO nesta segunda-feira relevou que um novo ciclo de inadimplência que se espalha pela economia brasileira. Pelo menos quatro instituições que acompanham os índices de inadimplência (além da Serasa Experian, o SPC Brasil, o SCPC Boa Vista e o Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo – Ibevar) projetam crescimento das dívidas em atraso.
Pelas contas do SPC Brasil, único dos institutos que calcula o número absoluto de inadimplentes, no fim de maio havia nada menos que 56,5 milhões de CPFs negativados no país. Significa que, de cada dez brasileiros, quatro têm alguma conta pendente. O SPC Brasil considera a inadimplência a partir do primeiro dia de atraso.
De acordo com o instituto, a alta da inadimplência em maio foi a maior desde agosto de 2014: o número de consumidores com contas atrasadas subiu 4,79% em relação ao mesmo mês do ano passado. O movimento foi puxado pelos devedores que têm entre 90 e 181 dias de atraso, o que indica que eles contraíram essas dívidas no Natal e no início de 2015. De lá até agora, a lista de inadimplentes ganhou mais dois milhões de pessoas. O SPC Brasil não tem uma série histórica, pois os números absolutos começaram a ser computados no fim de 2014.
Dados do Banco Central (BC) mostram que a inadimplência de pessoas físicas, considerando recursos livres (exclui crédito imobiliário e rural), estava em 5,3% em abril (última informação disponível). O BC mede o montantes de dívidas atrasadas em relação ao total de crédito ofertado. Na ponta do lápis, implica dizer que, dos cerca de R$ 800 bilhões em empréstimos tomados pelas famílias nos bancos, ao menos R$ 40 bilhões estão com atraso de mais de 90 dias.
Já o Boa Vista considera inadimplente que tem o CPF negativado na sua base de dados, seja num prazo de dez dias ou por mais de três meses. Contabiliza que as dívidas em atraso cresceram 3,1% entre maio de 2014 e o mesmo mês deste ano. Para Calife, a tendência é de que os atrasos continuem crescendo ao ritmo de 3% ao mês até o fim do ano. Segundo o Boa Vista, há menos gente quitando dívidas. Na comparação com maio do ano passado, o número de consumidores que pagou débitos e saiu a da listas da inadimplência caiu 9,7%.