Economia 8 de setembro de 2015
O mercado ficou mais pessimista em relação ao futuro da economia brasileira. Segundo dados divulgados pelo Banco Central, a expectativa é de mais inflação e retração maior da economia brasileira tanto em 2015 quanto em 2016.
O documento, conhecido como Focus, mostra que, depois de um pequeno alívio, as previsões do mercado para a inflação brasileira deste ano voltaram a piorar.
Toda segunda-feira, o BC divulga um relatório de mercado conhecido como Boletim Focus, trazendo as apostas de economistas para os principais indicadores econômicos do país.
Mais de 100 instituições são ouvidas e, excluindo os valores extremos, o BC calcula uma mediana* das perspectivas do crescimento da economia (medido pelo Produto Interno Bruto, o PIB), perspectivas para a inflação e a taxa de câmbio, entre outros.
* Mediana: Apresenta o valor central de uma amostra de dados, desprezando os menores e os maiores valores.
A estimativa é que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche o ano em 9,29% – na semana anterior, a taxa esperada, depois de duas quedas, era de 9,28%. Se confirmado, será o maior índice em 12 anos, ou seja, desde 2003 – quando somou 9,30%.
Segundo economistas, a alta do dólar e, principalmente, dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressiona os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada.
Para 2016, os economistas das instituições financeiras elevaram sua expectativa de inflação de 5,51% para 5,58% na última semana. Foi a quinta alta seguida do indicador – que continua se distanciando da meta central de 4,5% fixada para o ano que vem.
Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2015 e 2016 é de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida. Com isso, a inflação deverá superar o teto do sistema de metas em 2015, algo que não acontece desde 2003.
Produto Interno Bruto
Para o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, os analistas passaram a estimar, na semana passada, uma retração de 2,44%. Foi a oitava queda seguida deste indicador. Até então, a expectativa do mercado era de um recuo de 2,26% para o PIB de 2015. Se confirmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%.
Para 2016, os economistas das instituições financeiras passaram a prever uma contração de 0,5% na economia do país – na quinta revisão para baixo seguida. Na semana anterior, os analistas haviam estimado uma retração de 0,40% para a economia no próximo ano. Para se ter uma ideia, no início de 2015, a previsão dos economistas era de uma expansão de 1,8% para a economia brasileira no ano que vem.
Se a previsão se concretizar, será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948. O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia brasileira registrou retração 1,9% no segundo trimestre de 2015, em relação aos três meses anteriores, e o país entrou na chamada “recessão técnica”, que ocorre quando a economia registra dois trimestres seguidos de queda. De janeiro a março deste ano, o PIB teve baixa de 0,7% (dado revisado).
Taxa de juros
Após o Banco Central ter mantido os juros estáveis em 14,25% ao ano na semana passada, o maior patamar em nove anos, o mercado manteve a estimativa de que não devem ocorrer novos aumentos de juros em 2015. Para o fim de 2016, a estimativa ficou estável em 12% ao ano – o que pressupõe reduções da taxa Selic ao longo do ano que vem.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.
Câmbio, balança e investimentos
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 avançou de R$ 3,50 para R$ 3,60 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio subiu de R$ 3,60 para R$ 3,70.
A projeção para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2015 subiu de US$ 8 bilhões para US$ 8,9 bilhões de resultado positivo. Para 2016, a previsão de superávit cresceu de US$ 16,80 bilhões para US$ 20 bilhões.
Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil permaneceu em US$ 65 bilhões. Para 2016, a estimativa dos analistas para o aporte caiu de US$ 65 bilhões para US$ 63,95 bilhões.
Fontes: G1 / UOL Economia