Na costa do Brasil, há quase 93 milhas do centro de São Paulo, está a Ilha da Queimada Grande. Essa ilha já recebeu o título de lugar mais perigoso do mundo, e existe uma boa razão para isso: cobras!
Pesquisadores estimam que existam entre uma a cinco cobras por metro quadrado nessa ilha! Além da grande quantidade de serpentes, a espécie em maior número na ilha é a Jararaca-Ilhoa. Seu gênero é o responsável por 90% dos ataques de cobra no Brasil. Estima-se que existam cerca de 4.000 Jararacas-Ilhoa na Ilha.
Como tantas cobras foram parar lá?
Apesar das histórias de que as cobras foram colocadas na ilha por piratas que buscavam proteger seu ouro, a realidade é outra. Essa densa população de cobras evoluiu ao longo de milhares de anos, sem intervenção humana.
Cerca de 11.000 anos atrás, os níveis do mar aumentaram, isolando a Ilha da Queimada Grande e fazendo com que as espécies de cobras que viviam na ilha evoluíssem de modo diferente que outras serpentes que ficaram no continente.
Como as cobras que acabaram presas na Ilha da Queimada Grande não tinham predadores no nível do solo, elas se reproduziram rapidamente. O único problema é que elas também não tinham presas. Portanto, tiveram de se adaptar, subindo para cima das árvores.
Elas passaram a atacar aves migratórias que visitam a ilha sazonalmente. As cobras perseguiam suas presas, mordiam e aguardavam que o veneno fizesse efeito, para poder ir atrás da presa novamente.
Porém, como elas não conseguiam rastrear as aves depois de mortas, seu veneno evoluiu de modo que ele ficasse muito mais potente, cerca de três a cinco vezes mais forte do que de qualquer serpente do continente. Esse veneno é capaz de matar a maioria das presas quase que instantaneamente, e pode até mesmo derreter carne humana.